quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Hiromi Kawakami


"Entrei na loja de flores fronteira e comprei flores brancas. Aproximei-me da caixa com aquelas flores cujo nome ignorava, menos pesadas que os ramos de crisântemos, mas mais densas que os gladíolos, paguei com uma nota de mil yenes e pedi que mas embalassem. 
Lembro-me também de ter guardado o troco no porta-moedas.
Perdi a noção do tempo e, quando a recuperei, dei por mim sentada num banco. À volta desse banco, que se recortava no meio de grandes prédios, havia árvores muito altas e frondosas que tornavam mais densa a atmosfera já escura daquele lugar.
Anoitecera e não se via ninguém. Talvez naquele mesmo banco, tivessem vindo sentar-se empregados de escritório à hora do almoço, enquanto o som alegre dos pauzinhos e dos garfos se misturava com o das conversas. Mas, agora, tudo se tornara silencioso, e nem o vento se ouvia.
Era extremamente agradável ver cair as pétalas brancas no ar da noite. As pétalas tombavam lentamente. Arrancadas uma a uma.
Havia várias flores em cada haste, e o movimento dos meus dedos aos desfolhá-las parecia não ter fim."


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