terça-feira, 13 de novembro de 2012

Al Berto (11)


"chove. vou sair para beber bicas e ver caras. e ficar em silêncio no meio do barulho. e ficar sozinho no meio das pessoas. já não consigo estar sozinho se não estiver rodeado de gente ruidosa e chata.

rua da ponte: mais uma morada que fica para trás neste percurso de me fugir constantemente (se ao menos conseguisse dormir bem e o sono fosse reparador dos cansaços!) estou imensamente cansado, cansado de mim. o mundo assusta-me e já não tenho curiosidade alguma em saber as razões de me assustar. sou um farol que o faroleiro abandonou à vertigem das tempestades, descontrolado, solitário, vai consumindo o pouco de energia que lhe resta. um dia serei uma ruína sem luz. um morto.

que bem que te fica a risca ao meio. não sei bem se continuo apaixonado, não sei bem se vale a pena continuar apaixonado por ti. não sei. vejo-te e todo eu tremo. todo o meu corpo é um lamento, e pede socorro ao teu olhar, às tuas mãos. a um simples sorriso. uma palavra que me descanse.

com o tempo, murcharam as palavras que guardava para te dizer... as afiadas sílabas já não rompem os papeis alicerces do coração. desce este silêncio sobre a casa, onde outro silêncio mais antigo já se instalara. 
com o tempo desfolham as ilusões, não voltarás aqui. mas se por acaso regressares de mim nada encontrarás.

estarei sozinho? em que espelho virá à superfície teu rosto? em que lado do coração rebentará o choro?"

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