"Levamos anos a cinzelar vontades
num tempo propício à aprendizagem
de nós só falávamos pelos outros
e arriscámos desencontros vários
então um dia disseste estou a tropeçar
na minha memória com as tuas palavras
e eu deixei que elas falassem por mim
e tu amantíssima recebeste-as na noite
shiva velando por nós até ao amanhecer.
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O meu corpo enrosca-se na noite do teu corpo
adormecidas as minhas palavras ondulam na tua boca
da tua respiração soltam-se borboletas azuis
acordado sigo ainda os teus invisíveis trajectos
é neles que leio as palavras esquecidas na noite
uso cautelosamente o antigo saber divinatório
enquanto danças sobre a terra vestida de lavanda."
in A Realidade Inclinada, Averno
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