segunda-feira, 19 de novembro de 2012

F.S. Hill (3)


"Papel de embrulho amarrotado,
manhã de carnaval mal passado,
lençol quente em cama vazia,
escova de dentes solitária
em copo manchado pelo sal,
dia e noite e coisa que tal,
pequeno-almoço inexistente,
canção que toca sem tocar,
voz cansada e doente,
fosses mar seria teu,
fosses morte serias minha,
és o que sou e nada és,
afasta-te de mim,
cheiras mal,
isto não é um hospital,
vai-te daqui,
larga,
vai
para onde não sei nem quero saber,
és inútil e sedutora,
porque me queres?
sou mau aluno,
distraio-me,
gosto de coisas
ainda mais inúteis do que eu,
não te sirvo,
não me serves,
se já marcaste o teu regresso,
vai agora,
não percas tempo,
nem me procures iludir
com falinhas mansas,
tu és uma falsa promessa,
uma carta extraviada,
um tiro no pé,
porque vieste?
porque me acordaste?
não te disseram que
o bebé dormia?
não?
teimas em ficar?!
Muito bem,
mas dormes no sofá.
[vida]"

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