quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Helder Moura Pereira (7)


"Um corpo abriu-se para mim de corpo
e alma, sem saber quase nada
de mim e guiando-se somente
pela intuição. Não se percebe.
A intuição não acertara de outras vezes,
não se percebe por que carga de água
havia de acertar agora comigo. Querem
ver que é uma burrice transformada 
em necessidade, uma última tentativa
desesperada? Podia ter gritado
por socorro mas abriu-se para mim
de corpo e alma. Achei que a alma
estava ali a mais, que a alma só empatava,
mais, a alma havia de arruinar tudo.
E se assim o pensei melhor o disse:
desfaçamo-nos da alma. E o corpo
obedeceu, não porque tivesse concordado
comigo mas porque entendera
como ordem as minhas palavras.
Pôs a alma de lado e a partir
daí as coisas correram sem emoção
nenhuma e o sexo tornou-se, como dizes,
uma coisa monótona e fastidiosa."

in Se As Coisas Não Fossem O Que São

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