sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Yukio Mishima (2)


"E lá estava ele, mergulhado numa surpreendente quietude; com o seu interior forrado de um ouro velho que o sol de Verão, lá fora cobrindo as paredes, protegia como laca, parecia um móvel inútil e magnífico. Aquelas imensas e vazias prateleiras de bibelots ali pousadas, em frente da verdura incendiada das madeiras... Para estar à sua altura, seria preciso um perfumador de dimensões fabulosas, ou então um vazio colossal... O Templo Dourado perdera tudo isso, varrera de uma vez a sua substância, e erguia apenas uma forma estranha e oca. Ainda mais singular: esse Templo Dourado, que tantas vezes me ofuscara com a sua beleza, pareceu-me nesse dia mais deslumbrante do que nunca. Nuna manifestara uma beleza tão forte, planando mil léguas acima da imagem que eu tinha dele, acima do mundo das realidades, sem qualquer ligação com o presente. Nunca a sua beleza fora tão fulgurante, nunca se esquivara tanto a qualquer espécie de significado."

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