sábado, 13 de outubro de 2012

Jorge Roque (6)

"As folhas da palmeira batem como se fossem chuva,
mas nenhuma chuva cai, nem os meus olhos choram.
É apenas o vento a agitar as folhas, largas, pesadas,
e por dentro, quieto, o tempo a envelhecer. Assim, 
penso, o gato deitado na soleira da porta aquece-se
ao sol que sobre ele se inclina. A porta abre-se para a
morte, é o desfecho óbvio. Mas ele não sabe, tão pouco
precisa. Se pudesse guardar um pouco de sol para as 
noites de frio, custariam menos a passar. Mas nem isso
pode."

in Telhados de Vidro, Averno

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