"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Junichiro Tanizaki
"Ontem, apercebi-me de mais um sintoma, embora também possa tratar-se de um sintoma neurótico. Por volta das três da tarde, quando queria telefonar a Kimura, não consegui lembrar-me do número de telefone da escola dele, embora se trate de um número para onde costumo ligar quase todos os dias. É evidente que já tinha tido lapsos de memória, mas neste caso não se tratou de simples esquecimento: foi uma espécie de amnésia. Nem sequer consegui lembrar-me do número da central telefónica. Fiquei surpreendido e desconcertado. A medo, tentei pensar no nome da escola, mas também não serviu de nada. O que me surpreendeu mais foi o facto de me ter esquecido do nome de Kimura. Até recordar-me do nome da nossa empregada me parecia um esforço demasiado. (...) O pior é que nem sequer me lembrava do nome da nossa rua. A única coisa que sabia era que morávamos no bairro Sakyo de Quioto.
Fui tomado por uma enorme ansiedade. Se aquilo continuasse, se fosse piorando a pouco e pouco, não tardariam a retirar-me o meu cargo universitário."
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