sábado, 29 de dezembro de 2012

Renata Correia Botelho (6)

O Sorriso do Mimo

"Tirou então o creme e olhou em frente.

Depois do trapézio, a vida concedera-lhe
palavras poucas, um espelho,
uma mala gasta onde arrumar as dores.

Primeiro cobriu a testa, da esquerda
para a direita, com a mestria de um cego
que tacteia o seu nome no escuro.
Os olhos e os lábios em seguida,
até nada restar de voo sobre a pele.

O céu poente abrigava um bater de asas,
cortando de penas aquele silêncio crepuscular.

E nós assistimos, sem rede,
ao sorriso primeiro do mimo."

in Revista Grisu nº1

2 comentários:

  1. -Da Condição Humana-

    "Todos sofremos.
    O mesmo ferro oculto
    Nos rasga e nos estilhaça a carne exposta
    O mesmo sal nos queima os olhos vivos.
    Em todos dorme
    A humanidade que nos foi imposta.
    Onde nos encontramos, divergimos.
    É por sermos iguais que nos esquecemos
    Que foi do mesmo sangue,
    Que foi do mesmo ventre que surgimos."

    Ary dos Santos, in -Liturgia do Sangue-

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  2. é verdade... um mundo sem vícios era impossível. obrigada pelo comentario :)

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