quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

José Ángel Cilleruelo (4)

"Vivi seu amor com igual paixão.
Gozei de todos os abraços; jogos
que só tem prazer no maior segredo
quem os sonha. Não foram luz do sonho
no buraco que dava acesso ao túnel
de tanta intimidade. Senti beijos
na minha pele, palavras ao ouvido,
o curso do seu tempo sobre o tempo.
Tal ácido escuro, ruim, gravou-me
na memória sombras de água-forte:
o cheiro que não percebi, o nome
que não me nomeia. Ambos, agora,
é possível que não recordem nada.
Eu sim: o que senti foi mais real."

in antologia, Averno

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