domingo, 2 de dezembro de 2012

Manuel Gusmão

"O crepúsculo do entardecer
sobre o eixo do tempo e sobre si mesmo rodando
abria a venenosa vertigem, a sua grande flor azul

e negra, esta flor do luto fechando-se sobre a terra.

É então que tendo talvez mudado a mão das águas
ou interrompido o tempo a mão do mundo
se terá lançado contra a solidão a voz sem mais - 

era a noite nascente: a noite que apenas nascia

-

Livre é o dom nas mãos do mundo: a alegria; nunca
saberás dizer como se move sobre as águas a verdade
que o teu corpo e as suas várias almas conhecem;

Mas para que um última vez possas dançar
Podemos, sim, podemos pôr aqui o fogo
e a árvore da música:

a vibração do mundo quando não estamos a olhar"

in Telhados de Vidro n.º6, Averno

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