"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Luís Quintais (2)
"És bela quando escondes
a tua tristeza
revelando-a de um golpe só,
como se um trovão
emudecesse a eufonia
do inverno.
Sem aviso,
feres a elegância do tempo,
o irremediável
de cada vida.
Contemplas o que me atinge,
a casa abandonada,
o fragor do que rejeitaste.
Entre os poros da luz
vejo o desenho da memória
que ensurdece, as mãos
aniquiladas de um estranho,
os irmãos adormecidos
na câmara vegetal do teu sono,
o que deixaste para trás
e dói no momento parado.
Abres o gesto, o tempo
desfila outra vez,
o portão cede, e só posso
imaginar o que de ti não volta"
in Verso Antigo, Cotovia
*to JC
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