sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Luís Quintais (2)


"És bela quando escondes
a tua tristeza
revelando-a de um golpe só,
como se um trovão
emudecesse a eufonia
do inverno.

Sem aviso,
feres a elegância do tempo,
o irremediável
de cada vida.

Contemplas o que me atinge,
a casa abandonada,
o fragor do que rejeitaste.

Entre os poros da luz
vejo o desenho da memória
que ensurdece, as mãos
aniquiladas de um estranho,
os irmãos adormecidos
na câmara vegetal do teu sono,
o que deixaste para trás
e dói no momento parado.

Abres o gesto, o tempo
desfila outra vez,
o portão cede, e só posso
imaginar o que de ti não volta"

in Verso Antigo, Cotovia

*to JC

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