segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Fiódor Dostoievski


‎"Mas a catástrofe ocorreu oportunamente. Ao suportar o revólver, vinguei-me de todo o meu sombrio passado. E embora ninguém tenha sabido disso, ela soube-o e isso para mim era tudo, porque ela própria era tudo para mim, toda a esperança do meu futuro nos meus sonhos! Ela era a única pessoa que eu preparava para mim e não precisava de mais ninguém - e ela ficara a saber de tudo; ela ficara a saber, ao menos, que se apressara injustamente a juntar-se aos meus inimigos. Este pensamento encantava-me. Aos olhos dela eu não podia ser já um canalha, quando muito um homem estranho, mas até esse pensamento já não me desagradava assim tanto, agora, depois de tudo o que tinha acontecido: ser estranho não é um defeito, pelo contrário, por vezes até seduz o carácter feminino."

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