"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Ana Teresa Pereira (5)
"Devias tapar o espelho com um pano negro, alguém morreu, e não poderá descansar se a sua alma ficar presa nos espelhos. Tentas lembrar-te de quem morreu mas não consegues, ele ou tu, não existe mais ninguém. Dois monstros feridos que há anos escrevem o mesmo livro, duas aranhas debatendo-se na mesma teia (uma casa velha junto ao mar, lilases e pedras, a presença insuportável das gaivotas). Quase não falam um com o outro. Dormem em quartos separados. Estão velhos.
Dizes baixinho «I´m old». Chegou o momento de afundares os livros e renunciares à tua magia."
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