terça-feira, 1 de novembro de 2011

James Joyce


"Não havia fuga possível Tinha que confessar-se, que explicar por palavras o que tinha feito e pensado, pecado a pecado. Como? Como?
- Padre, eu...
O pensamento penetrou como uma espada fria e brilhante na sua carne tenra: confissão. Mas não ali, na capela do colégio. Confessaria todo e cada pecado dos seus actos e pensamentos, com sinceridade; mas não ali, entre os seus companheiros. Longe dali, num local escuro, murmuraria a sua própria vergonha; e suplicou humildemente a Deus que não se ofendesse por ele não ousar confessar-se na capela do colégio e, numa total abjecção do espírito, implorou silenciosamente o perdão daqueles corações juvenis que o rodeavam. 
O tempo passou. Estava novamente sentado no primeiro banco da capela. A luz do dia, lá fora, já começava a declinar-se e, à medida que descia lentamente pelas persianas vermelhas, parecia que se punha o sol do último dia e que todas as almas estavam a ser arrebanhadas para o julgamento."

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