Do Orgulho Feminino
"As mulheres passam a vida a ouvir os homens falarem de assuntos pretensamente importantes: grandes lucros de dinheiro, vitórias na guerra, pessoas mortas em duelo, vinganças atrozes ou admiráveis, etc. As mais altivas sentem que, não podendo dedicar-se a estes assuntos, não têm possibilidade de demonstrar um orgulho que é notável, pela importância das coisas em que este se apoia. Sentem palpitar no peito um coração que, pela força e pela firmeza dos seus movimentos, é superior a tudo o que as rodeia, e, contudo, vêem que até os homens mais insignificantes são mais considerados do que elas. Apercebem-se de que só se podem orgulhar de pequenas coisas, ou, pelo menos, de coisas que só são importantes pelo sentimento e de que um terceiro não pode ser juiz. Atormentadas por este contraste desolador, entre a sua pouca sorte e o orgulho das suas almas, tentam fazer com que o seu orgulho seja respeitável através da vivacidade dos seus arrebatamentos ou pela implacável tenacidade com que mantêm as suas decisões. Antes de chegarem à intimidade, estas mulheres imaginam que os seus amantes montam um cerco contra elas. A sua imaginação é usada para se irritarem com procedimentos que, no fim de contas, não são mais do que uma prova de amor, porque eles amam. Em vez de fruírem dos sentimentos do homem escolhido, as mulheres sentem a vaidade ameaçada: e finalmente, com a alma bem enternecida, quando a sensibilidade ainda não se fixou num único objecto, só têm vaidade. Mas, a partir do momento em que começam a amar, agem como uma coquete vulgar e deixam de ter vaidade."
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