segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Al Berto (3)

Doze Moradas De Silêncio  
          1978/79

1


"penso na morte
mas sei que continuarei vivo no epicentro das flores
no abdómen ensanguentado doutros-corpos-meus
na concha húmida da tua boca em cima dos números mágicos
anunciando o ciclo das águas e o estado do tempo


a memória dos dias resiste no olhar dum retrato
continuo só
e sinto o peso do sorriso que não me cabe no rosto
improviso um voo de alma sem rumo mas nada me consola


é imprevista a meteorologia das paixões 
pássaros minerais afastam-se suspensos
vislumbro um corpo de chuva cintilando na areia


até que tudo se perde na sombra da noite... além
junto à salgada pele de longínquos ventos"

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