quinta-feira, 1 de setembro de 2011

José Ángel Cilleruelo



"Nem sei porquê de vez em quando desço
às plataformas, sento-me e olho
como um viajante o grande relógio
e esses painéis nos quais às cidades
se dá o nome de «destino». Levo
um jornal no braço embora prefira
deixar que o meu olhar recrie mapas
com a gente que pouco a pouco entra,
se amontoa e olha o grande relógio:
breve cartografia do desejo
efémero. A agitação do ar
diz que vem; quando parte, já no túnel,
a luz rubra do último vagão
sei não estar a arruinar-me a vida."


*Da (fabulosa) Averno

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