quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Giani Stuparich


"O mar agora não tinha confins, e cada faceta da sua superfície cintilava. A toda a volta, o horizonte esbatia-se numa bruma ténue. À esquerda, mais do que distinguir-se, podia imaginar-se um pálido recorte de perfis montanhosos; talvez fossem nuvens. Quase todos os passageiros dormitavam nas cadeiras de repouso. Sobre a brisa da navegação calava o meio-dia marítimo, aquele bem estar indizível, aquela sensação de voluptuosa angústia que faz cada um preferir estar só, sem falar, à escuta dos seus tumultos interiores.
Mas surgiu à vista o arquipélago montanhoso: um azul denso da massas cristalinas ao fundo do azul líquido. Com surpresa, os passageiros viram-se perto de terra. O barco corria velozmente; ouvia-se, como se ampliado pelo eco, o leve arquejar das hélices. A sóbria vegetação ao longo das costas rochosas e os alvos povoados à flor da água davam um quê de frescura e de encantamento àquela terra que emergia do mar.
Muitos passageiros, animados por aquela feliz atmosfera de chegada, tinham-se levantado.
Quando a embarcação entrou na enseada, aglomeraram-se nos peitoris, curiosos; de repente, pareceu que se navegava num lago, e olhando para trás já não se percebia por que lado se entrara. 
Reinava uma calma absoluta; tinha-se a impressão de que o navio se tornara subitamente mais leve e que mal tocava a água.
Os traços da ilha eram suaves a toda a volta."

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