"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
João Ricardo Lopes (3)
Caixa de Tabaco
"devagar os dedos tacteiam
as vísceras ao tempo
moedas, selos, cartas, uma
coleção de antigos retratos, vida
tão de nós como não nossa
tão de nós como de uma
personagem outrora no teatro
devagaro óxido da caixa
anos-luz de viagem, quer dizer
de existência – quer dizer
a máscara após máscara com
que nos mira, sabe-se lá
de onde, o não-rosto que nos
mira
moedas, selos, cartas – quer
dizer a memória, quer dizer nós
embaulados algures no cosmo
na pele, no odor acre do tabaco
moral da história: devolvemos
o conteúdo ao silêncio e sempre
a nós próprios regressamos"
para a Marta Peixoto
a livreira confessa que até tem o coração amarfanhado, é por estas coisas que vale a pena viver no meio do papel.
o belo poema foi retirado aqui
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário