"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
António Barahona
Soneto Vívido
"O meu amor por ti assombra os astros
da noite escassa para o nosso amor.
Soneto vívido de versos castos,
no desgaste da boca um som de flor.
E, no engaste do teu sexo, uma rima
a completar corpo comum de dois,
substantivo ou canção que nos ensina
a fabricar ba pele ethéreos sóis.
Nas mãos, ainda, a ternura extensa,
certeira se dilui nos alvos rubros
e o riso se pratica a comer uvas.
O meu amor por ti marca presença:
dormimos virgens, e os teus ombros cubro-os,
temendo, deste inverno, as ígneas chuvas."
Silêncio
"Silêncio é uma palavra impossível.
Não corresponde a nenhuma realidade.
Não há silêncio no cosmos
nem em cada um de nós.
Numa sala sem eco,
entre paredes de cimento isolante,
ouve-se ecoar a circulação
do nosso próprio sangue."
O Jejum
"Os dias e as noites adquirem uma nitidez deslumbrante. As horas regressam à sua etimologia e constituem, de facto, de fato novo, orações."
Reconstrução
"Reconstruir o pensamento religioso
em cada gesto,
em cada acto do quotidiano:
de tudo, até ao mais ínfimo,
ter a consciência do seu todo.
Reconstruir a harmonia com o cosmos
à custa da dissonância nos versos
e da distância que se move os remos.
Reconstruir a estrada sobre a água
pra navegar em direcção ao fogo
do nosso amor plo mundo, que naufraga.
Reconstruir a vida pra nascer de novo."
*Fotografia "roubada" aqui
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Anda toda a gente a comprar sofás vermelhos para fotografar livros?
ResponderEliminarNunca foi minha intenção ter um sofá igual ao do Mário!
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