segunda-feira, 6 de junho de 2011

Telhados de Vidro (3)







Manuel de Freitas

PONTA DO SOL

para a Inês

"Havia uma arco sobre o mar
e falésias onde o vento
doía muito. Tive medo
de encenar tão concretamente
a minha morte. O próprio restaurante
(lágrimas com bife de lombo)
avançava pela rocha dentro
numa espécie de resignação feliz
a um tempo menos capaz de ser tempo.

Mas chega a parecer ridícula
esta obstinação
de quem no mundo procura apenas
o inexistente fim do mundo.
Choravas, doutra maneira,
a juventude derrotada,
desatenta ao alarme das gaivotas
e que já nem o garrote da memória salva."


*Telhados de Vidro nº1 da (fabulosa) Averno

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