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"Empate a zero de todas as razões. Vitória a nada de todos os nadas. Eu morro, tu morres, ele morre. Com poesia poderia dizer: eu pouco, tu pouco, ele pouco, e no entanto, tão mais do que ousaríamos esperar (embora fosse, é claro, nada mais do que a mentira que uso para me enganar). Eu morro, tu morres, ele morre (tenho de o repetir para que o poema, ora aí está a mentira, faça sentido). Mas de algum modo, também a poesia não resolve, e eu tenho de voltar ao princípio que cada uma das minhas palavras gastou e repetir de novo: eu morro, tu morrer, ele morre. Este o verbo universal sem rosto. Esta a carne absoluta sem razão. Como queres que te diga quem vence? (Como queres que acredite que há vencedor?)"
Jorge Roque
* Telhados de Vidro nº15 da (fabulosa) Averno
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