terça-feira, 26 de julho de 2011

Miguel-Manso


Balada da Rua Damasceno Monteiro


"ardia de amor pela casa
numa confusão de silêncios ou
dizendo de outro modo


afundava-se numa líquida recordação cardíaca


ocultos pólen pólvora fósforos
a má reputação dos dedos
paixão cartografada remota
toponímia de enganos


braço a braço crescia alto
o incêndio no interior do peito
deliberado ritual de lâminas e pele
a transparente certeza
da cicatriz


mas ardia de amor pela casa soturna
silêncio dando para o saguão luz muitíssimo
extinta por sobre a larga extensão destruída


morrer, principalmente de amor, é
uma compendiosa tarefa doméstica


dentro do coração antigo
serei breve"

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