quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Franz Kafka (3)


"Por felicidade, havia apesar de tudo excepções; davam-se quando sofrias sem nada dizer, quando o amor e a bondade aplicavam a sua força em triunfar de tudo o que lhes era contrário e a embargá-lo imediatamente.  Era, por exemplo, quando estava calor no Verão e te via cabecear no armazém depois do almoço, o ar lasso, o cotovelo apoiado em cima do balcão; ou ao domingo, quando vinhas, com ar derreado, juntar-te a nós no campo; ou então quando te escondias na biblioteca dominado pelos soluços; ou ainda durante a minha última doença, quando entravas suavemente no quarto de Ottla para me ver, e ficavas no limiar, estendias o pescoço para te dares conta de mim na cama e te limitavas a saudar-me com a mão, respeitando a minha fadiga. Em tais momentos, deitava-me e chorava de felicidade, e choro agora enquanto o escrevo"

2 comentários:

  1. Eu choro só de ler o texto! Tenho uma identificação com a alma do Kafka que chega a me comover profundamente!

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