"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
domingo, 7 de agosto de 2011
Milan Kundera
"Oh, como se passara tudo ao contrário do que ela quisera! Sonhara morrer misteriosamente. Fizera tudo para que ninguém pudesse saber se a sua morte fora um acidente ou suicídio. Quisera enviar-lhe a sua morte como sinal secreto, um sinal de amor vindo do além, só para ele compreensível. Fora tudo bem previsto excepto, talvez, o número de soníferos, excepto, talvez, a temperatura que, enquanto ela adormecia, subira. Pensara que o gelo a ia mergulhar no sono e na morte, mas o sono era demasiado fraco; abrira os olhos e vira o céu negro.
Os dois céus tinham dividido a sua vida em duas partes: o céu azul, o céu negro. Era sob este outro céu que ia em direcção à sua morte, a sua verdadeira morte, a morte longínqua e trivial da velhice.
E ele? Ele vivia sob um céu que para ela não existia."
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