"Os meus livros (que não sabem que existo) São uma parte de mim, como este rosto De têmporas e olhos já cinzentos Que em vão vou procurando nos espelhos" Jorge Luis Borges
sábado, 17 de novembro de 2012
Jorge Roque (8)
Importa pela vida
"Importa pela vida que nela se cumpra. Não o rasto, mas cada
um dos passos, tentava dizer. Tão pouco cada um dos passos,
mas o que neles diverge incessante do lugar. Desperto o
exausto debate: quer então dizer que a biografia é relevante
para a obra? (e a expressão é de espanto, quase gozo, foi
de todo inesperado que eu pudesse ser tão, como dizê-lo,
pouco cultivado, inactual) Nada disso, quer dizer que a obra
é desde sempre a biografia. Irrelevante convocá-la porque
já lá está."
Corpo ideia inteira
"A vida é a suprema obra corpo ideia inteira. As palavras
meros sons e tinta. Gestos de um animal que morre e faz
desse labor o seu ofício."
Vive, deixa-te disso
"Perguntavas-me: Jorge, que se passa? Nada, respondi-te.
Inverno fora da estação, caminhos que não se encontram,
linhas desactivadas (o poema abstracto habitual, eu sei, não
precisas de me lembrar). Hoje ocorreu-me resposta mais
exacta. Dá vontade de rir, mas aqui vai: algo que me falta
e que ainda não descobri. Tu não ririas. Mas dirias, e com
razão: vive, deixa-te disso."
(*acho que desde conheci a poesia de Jorge Roque, que vivo apaixonada por ele)
Sem comentários:
Enviar um comentário