"A pele
sente-se demasiado a pele
a pele desdobrada em dois
duas peles que se desdobram
se encontram se afastam
se imaginam nas peles
dos outros
caminhando num lugar
que não há
sente-se demasiado a pele
nas palavras
nos gestos
desencontrados
metamorfoses
a de um homem inseguro
que não sabe até onde poderá ir
a da mulher que sabe
apenas que vai morrer
cada um com a sua pele
com a sua voz
a fazer coisas certas
venho da rua
e não vos reconheço
porquê ouvir as vossas vozes?
porquê dar-vos a minha atenção?"
in A Realidade Inclinada, Averno
Sem comentários:
Enviar um comentário