15. (parábola)
"era um jogo. desenhávamos a giz formas no alcatrão, dávamo-lhes o nome de países: dentro delas não podiam tocar-nos e a restrição estava convencionada com a rigidez de uma moralidade infantil; se saíamos, para o desabrigo da rua onde se cresce, tentávamos não nos deixar apanhar. com o tempo a maioria de nós foi trazendo para dentro pequenos objectos e pessoas. criámos um espaço de conforto até a distinção entre interior e exterior se ter totalmente esbatido. poderia dizer-se que as linhas fechadas continham o negrume e que a dado momento, sem que nos tenhamos apercebido, perderam funções e propriedades. cá dentro podem tocar-nos, sem que seja possível distinguir a repulsa do prazer, quem ganhou e quem perdeu."
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