sexta-feira, 22 de julho de 2011

Tchékhov


Os Papa-Jantares


"O velho septuagenário Mikhail Petrov Zótov, popular de condição, decrépito e solitário, acordou por causa do frio e da quebreira no corpo todo. Ainda estava escuro no quarto, mas a lamparina do ícone já não ardia. Zótov levantou a ponta da cortina e espreitou pela janela. As nuvens que cobriam o céu já começavam a esbranquiçar, o ar a tornar-se transparente - passaria das quatro, não mais.
Zótov gemeu, tossiu e encolhido de frio, saiu da cama. pelo seu costume de sempre ficou muito tempo diante do ícone, a rezar. Rezou o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Credo, rezou por muita gente, um rol de nomes.  Havia muito que já não se recordava a quem correspondiam esses nomes, rezava só por hábito. Também por hábito, varreu o quarto e o vestíbulo e pôs a aquecer o pequeno e barrigudo samovar de cobre vermelho e quatro penas. Não tivesse Zótov estes hábitos e não saberia como preencher a velhice." 

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