sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nunca um grafite ficou tão bem numa parede (2)




Movimento"Se tu és a égua de âmbar 
                  eu sou o caminho de sangue 
Se tu és o primeiro nevão 
                  eu sou quem acende a fogueira da madrugada 
Se tu és a torre da noite 
                  eu sou o cravo ardendo em tua fronte 
Se tu és a maré matutina 
                  eu sou o grito do primeiro pássaro 
Se tu és a cesta de laranjas 
                  eu sou o punhal de sol 
Se tu és o altar de pedra 
                  eu sou a mão sacrílega 
Se tu és a terra deitada 
                  eu sou a cana verde 
Se tu és o salto do vento 
                  eu sou o fogo oculto 
Se tu és a boca da água 
                  eu sou a boca do musgo 
Se tu és o bosque das nuvens 
                  eu sou o machado que as corta 
Se tu és a cidade profunda 
                  eu sou a chuva da consagração 

Se tu és a montanha amarela 
                  eu sou os braços vermelhos do líquen 
Se tu és o sol que se levanta 
                  eu sou o caminho de sangue" 

Octavio Paz

Sem comentários:

Enviar um comentário